terça-feira, 31 de maio de 2011

A juventude e o desenvolvimento territorial: uma agenda política para Santa Maria

             A juventude brasileira representa um dos maiores setores da população do país, segundo dados do IBGE (2010). No último período a partir das diversas formas de organização dos jovens na sociedade civil suas demandas têm sido incorporadas pelas Políticas Públicas. Trata-se de uma mudança de concepção em que a juventude deixa de ser encarada como um problema social, ou como o futuro da nação, para se constituir enquanto sujeitos de direitos e atores políticos estratégicos para o desenvolvimento.
            Na contramão da história nacional e regional, em Santa Maria essa concepção encontra-se enfraquecida em decorrência da ausência de políticas públicas que considerem a expressão da juventude como importante para o processo de desenvolvimento territorial. A exemplo disso, o governo municipal constituiu a Secretaria de Juventude, Esporte e Lazer, Idoso e Criança, cujas ações de resumem em tratar a juventude como meros espectadores, desconsiderando sua a diversidade e potencial mobilizador. Tanto quanto não valoriza as possibilidades territoriais que consideram a participação e o empoderamento dos jovens como elementares para um modelo de desenvolvimento distinto do hegemônico, cujos marcos residem na exclusão, no individualismo e na exploração.
Compreendemos o desenvolvimento territorial como o processo de valorização do patrimônio territorial, dos recursos e dos atores locais, sendo construído a partir da ação coletiva dos agentes sociais sobre a materialidade dos lugares. Nesse processo ganha relevância a ação coletiva dos agentes locais, sua capacidade crítica e criativa, a preservação de suas identidades e diversidade cultural, tanto quanto a busca pela redução das desigualdades sociais (Dematteis; Governa, 2005)[1]. Também, abrange a relação das múltiplas escalas de manifestação do poder, entre o local ao global.   
Ações que poderiam contribuir nessa perspectiva são a construção de espaços públicos, como as praças de juventude que permitem sua a expressão cultural e práticas alternativas a educação formal; incentivo a geração de trabalho e renda; acesso ao território por meio do passe livre e do transporte público de qualidade. A presença do governador Tarso Genro em Santa Maria no mês de maio de 2011 e a construção do Plano Plurianual Participativo abrem a possibilidade de recolocar em debate esse modelo de desenvolvimento. Outras possibilidades de fortalecimento do protagonismo juvenil estruturam-se através da criação de conselhos municipais de juventude e da 2º Conferencia Nacional de Juventude que ocorrerá em 2011.    

Ananda de Carvalho - Geógrafa e Mestranda em Geografia-UFSM
Anderson L. Machado dos Santos - Geógrafo e Mestrando em Geografia-UFSM
                                                                                                                     Secretaria da Juventude do PT


[1] DEMATTEIS, G; GOVERNA, F. Território y territorialidad en el desarrollo local. La contribución del modelo SLOT. Boletim da A.G.E. n. 39, p. 31-58, 2005.

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